A verdade é que tudo está na nossa mentalidade. Todos nós nos consideramos bons condutores, mas a verdade é que não é bem assim. Há condutores melhores e outros que podem andar lá perto, mas bons mesmo isso não existe. Até o Stig do TopGear não é um bom condutor. Se ele fosse realmente um bom condutor andaria sempre dentro das duas linhas, não passaria a fazer corta-mato nalgumas curvas, nem sairia da pista à chegada à meta. Isto é ponto assente. Se ele fosse realmente um bom condutor, nunca faria estes erros. Mas isto são outros quinhentos...
Em relação aos 1000km's, a minha opinião é um NIM. Concordo que as aulas sejam mais diversificadas e com outras condições que as que actualmente são testadas. Há muito boa gente que tira a carta e nunca vai a uma cidade. Há quem pague mais para ir a uma vila grande, lá para as minhas bandas. Eu por exemplo fui fazer a Coimbra e o exame começava logo com um teste de entrada na estrada com imenso transito.
Quando eu tirei a carta, não podia utilizar o espelho direito, o que é uma estupidez, quando todos os carros têm que o ter, desde há já muitos anos. Outra, na altura não queriam que fizesse as rotundas sempre por fora. Mais um disparate. Davam as indicações de onde tinhamos que tomar como referência para estacionar (aquela história do canto do vidro, tra-la-la, tra-la-la, mas nunca explicaram o porquê, mas eu como tenho 2 dedos de testa, percebio, por mim, o porquê), havia aquele sistema de apito quando os instrutores carregavam nos pedais quando o aluno não carregasse, mas isso, como bons portugueses, desligava-se sem o examinador dar por ela, etc, etc, etc.
Por exemplo, há muita gente que nunca conduziu em chuva (bom, mas se for no verão não se pode pedir ao São Pedro), mas podia-se recorrer aos parques de manobras para simular essas situações. As minhas aulas foram quase todas com chuva, e de manhã ou já ao anoitecer. Conduzir de noite também devia ser uma obrigatoriedade. E situações de travagem de emergência? Não deveriam ser também ensinadas? A mim até implicaram com o facto de eu fazer reduções sem travão e só depois travar para o carro reduzir também com o motor e não a forma como ensinam, em que se trava e depois se reduz... Numa situação de emergência não deveria ser feito tudo em simultâneo?
Depois, o exame, isso é uma real treta. Não vou pelo lado da sorte. Para mim sorte é sair o totoloto. Os nervos não poderão ser desculpa. Em caso de estarmos nervosos não pegamos no carro? Não me parece. Devemos conduzir em situações complicadas sem que isso nos altere as reacções.
Isto é uma situação cultural. Para muita gente um bom condutor é aquele que nunca bateu, aquele que faz uns slides, uns picas e que dá mais de 200... Não concordo, porque podem nunca ter tido acidente porque tiveram a sorte de não ter apanhado nenhum carro nas situações em que não conduziram bem. Eu já vi ultrapassagens completamente loucas, em curvas e nada aconteceu. Entradas na estrada em que as outras pessoas tiveram que fugir ou fazer travagens brutais, etc, etc, etc. Isso não é por ter 1000 ou 10000 ou 100000 km's de condução que vão fazer melhor, é cultural, só pensamos em nós e não somos capazes de pisar o acelerador para entrar numa estrada, para os outros não pararem, meter 1 ou 2 mudanças a baixo para ultrapassar em segurança, mas continuam em 5a para conseguirem que a média se mantenha nos 5 l/100...
Estas alterações podem ser muito bem intencionadas, mas temos que começar pelos miudos. Isto tem que começar pela escola, para os miudos não pensarem que são mais por terem um bom carro, por andarem depressa, por fazerem piões, etc.
Isto fez-me lembrar uma história do filho de um ex-colega de trabalho do meu irmão.
filho: Pai, o nosso carro é um Formula 1?
pai: Não, porquê?
filho: Como vais tão depressa!
...
Comentários para quê?
Tá visto por onde temos que começar... Não podemos é fazer como a educação sexual, que foi colocada nos programas e nunca foi aplicada, salvo raras escolas...
Desculpem o testamento.